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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Um beijo, apenas, pode espalhar 80 milhões de bactérias.

Cientistas holandeses analisaram o “antes e o depois” de um beijo íntimo para estudar o efeito do beijo sobre as bactérias encontradas na boca.

Pesquisa holandesa estuda os efeitos do beijo nas bactérias da boca
by Roberto M.
O contato boca-a-boca tem sido observado em uma grande variedade de animais, incluindo peixes, aves e primatas e serve para uma grande variedade de funções, incluindo a avaliação da capacidade física e da aquisição de alimentos.
No entanto, o beijo íntimo envolvendo contato pleno da língua e a troca de saliva parece ser um comportamento único dos humanos e é comum em mais de 90% das culturas conhecidas.

Curiosamente, as explicações atuais para a função do beijo íntimo dos humanos incluem um papel importante para a microbiota presente na cavidade oral, embora até onde sei, os efeitos do beijo íntimo sobre a microbiota bucal nunca tinham sido estudados até o momento.

Mas, um interessante estudo, feito por pesquisadores holandeses, onde foi analisado o efeito de um beijo íntimo, foi publicado recentemente.
O estudo foi realizado por cientistas da Netherlands Organization for Applied Scientific Research (Organização Holandesa para Pesquisa Cientifica Aplicada) em conjunto com a Natura Artis Magistra (Artis Royal Zoo), e VU University Amsterdam, tudo isso na Holanda.

OBJETIVOS DA PESQUISA

Foram realizadas uma série de experiências, em pessoas, objetivando determinar:
– se as bocas dos parceiros de beijo são colonizadas com bactérias semelhantes;
– se a frequência com que os casais se beijam e o tempo decorrido desde o último beijo têm influência sobre as bactérias presentes na boca;
– o número de bactérias transferidas pelo beijo.

COMO FOI FEITO O ESTUDO

O estudo foi realizado na boca de 21 casais, incluindo um casal de gays masculino e um casal de gays feminino.
Os pesquisadores coletaram amostras de saliva e amostras de material da parte posterior da língua, antes e depois de um beijo íntimo de 10 segundos.
As bactérias foram identificadas por análise das sequências de DNA presentes nas amostras.

Foi solicitado aos casais que preenchessem um formulário relatando a frequência média de beijos no último ano e o tempo decorrido desde o último beijo íntimo dado.
Um dos parceiros foi convidado a consumir 50 ml de iogurte probiótico contendo Lactobacilos e Bifidobactérias.

Novamente foram coletadas amostras de saliva e da parte posterior da língua, após um beijo íntimo de 10 segundos.
A transferência bacteriana, após um beijo íntimo, foi estimada pelos pesquisadores rastreando essas últimas bactérias, que foram utilizadas como marcadores.

RESULTADOS BÁSICOS DO ESTUDO

– Os pesquisadores estimaram que 80 milhões de bactérias foram transferidas em 10 segundos de beijo íntimo.
– As bactérias encontradas nas amostras de material da língua eram bastante similares para os membros de cada casal. Essa similaridade era maior nos casais, quando comparada a indivíduos que não se relacionaram.

– Um beijo íntimo não aumentou, significativamente, a similaridade de bactérias encontradas nas amostras de material da língua.
– As bactérias encontradas nas amostras de saliva não apresentaram diferenças de similaridade entre casais e indivíduos que não se relacionaram.
– O beijo íntimo também não aumentou, significativamente, a similaridade de bactérias encontradas nas amostras de saliva.

– Entretanto, os pesquisadores viram uma forte correlação entre a similaridade das bactérias encontradas nas amostras de saliva dos casais com a frequência de beijos auto-relatada, bem como com o tempo decorrido desde o último beijo, ou seja, para que as bactérias na saliva sejam semelhantes, os casais precisam de uma frequência relativamente alta de beijos e um curto espaço de tempo desde o último beijo.
– Os resultados sugeriram que o beijo íntimo transfere muitas bactérias, mas muitas dessas bactérias transferidas não são capazes de se fixar na língua.

CONCLUSÃO

Esta é uma pesquisa muito interessante, mas seus resultados têm implicações limitadas. Por exemplo, eles não nos dizem se o beijo é benéfico ou não, em termos de causar doenças ou, pelo contrário, aumentar nossa imunidade pela exposição a uma gama maior de bactérias.

Esse estudo foi publicado pela revista científica Microbiome em 17/11/2014 e é de livre acesso, o que significa que pode ser lido online, gratuitamente e livremente, por qualquer pessoa. Basta acessar o link do trabalho no site da Microbiome: Shaping the oral microbiota through intimate kissing”.

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